sábado, 30 de janeiro de 2010

Invictus (2009)

O nome do novo filme dirigido por Clint Eastwood, e protagonizado por Morgan Freeman como Mandela, se refere aos versos de um poema de William Ernest Henley, (poeta e escritor inglês, 1849 – 1903) transcrito abaixo:

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find me, unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,

I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.

Representam também as palavras que consolavam Nelson Mandela, nas horas mais difíceis dos 27 anos em que esteve preso. Foi pensando nelas, que ele se armou para preservar seu espírito de qualquer tipo de ódio que ele pudesse vir a ter por aqueles que o encarceraram.




A história do filme se passa na preparação e competição da copa mundial de rugby ocorrida na África do Sul (1995), que ajudou a minorar um pouco as sequelas sociais e políticas de uma nação que ainda sofria o apartheid. Novamente, Clint Eastwood mostra sua sensibilidade, enquanto diretor, escolhendo mostrar não a luta política, a guerra e a a morte entre negros africanos - maioria miserável - e os boers - elite branca. Se apropriou de um momento, um fato, de inspiração do próprio Mandela, bem mais corriqueiro e banal, porém infalível para unir eventuais oponentes ou uma nação, o esporte.

Tanto o poema quanto o esporte são coisas bastante inspiradoras e motivadoras e fizeram com que, pelo menos por um breve momento, os sul africanos começassem a esquecer suas grandes diferenças. Esse talvez tenha sido o segredo e o legado de Mandela, assim como de outra figura pacificadora, Gandhi - no caso da Índia. Não se utilizar da reviravolta, que o colocou em posição vantajosa em relação aos seus adversários, para vingar-se, mas para construir algo. O esporte deu-lhes um motivo para começar a construir uma nação do menos que nada, de onde só havia ódio e ressentimento. Isto pode ainda não ser uma completa realidade, mas tais coisas só acontecem com um passo de cada vez.

A despeito de muitas vezes o filme levar o espectador às lágrimas - certamente me levou -, senti falta de uma maior presença de Mandela, de sentir como ele realmente era. Talvez eu esperasse que, sendo um líder, não só nacional, mas internacional, ele se apresentasse com grande força, como todos os heróis são. Morgan Freeman não passou isso. Ele não representou um herói, mas construiu uma personagem simples, muitas vezes frágil - mesmo sendo líder da tribo Tembu, com todo o status social que isso lhe trazia junto aos seus pares - e quase ingênua em sua forma de ser e de dar importância às pequenas coisas. Acho que esse é o segredo. A não-violência, a capacidade de perdoar, a doçura ao tratar com todos sem distinção e a consideração. Sem dúvida um grande exemplo de vida e um filme bem construído, na minha opinião - pode haver quem discorde -.

Já assisti alguns filmes sobre a África do Sul nos tempos do apartheid. Um grito de Liberdade (Cry Freedom, 1987, Dir. Richard Attemborough) é um deles e mostra a luta de Stephen Biko, outro líder antiapartheid, contra a censura e a total falta de voz do povo negro. O que aparece sempre é a violência, o terror, o sofrimento. Invictus talvez seja um filme de recuperação, talvez seja necessário mais dessas cenas de união para que um dia as feridas da África do Sul possam cicatrizar.

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sábado, 30 de janeiro de 2010

Invictus (2009)

O nome do novo filme dirigido por Clint Eastwood, e protagonizado por Morgan Freeman como Mandela, se refere aos versos de um poema de William Ernest Henley, (poeta e escritor inglês, 1849 – 1903) transcrito abaixo:

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find me, unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,

I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.

Representam também as palavras que consolavam Nelson Mandela, nas horas mais difíceis dos 27 anos em que esteve preso. Foi pensando nelas, que ele se armou para preservar seu espírito de qualquer tipo de ódio que ele pudesse vir a ter por aqueles que o encarceraram.




A história do filme se passa na preparação e competição da copa mundial de rugby ocorrida na África do Sul (1995), que ajudou a minorar um pouco as sequelas sociais e políticas de uma nação que ainda sofria o apartheid. Novamente, Clint Eastwood mostra sua sensibilidade, enquanto diretor, escolhendo mostrar não a luta política, a guerra e a a morte entre negros africanos - maioria miserável - e os boers - elite branca. Se apropriou de um momento, um fato, de inspiração do próprio Mandela, bem mais corriqueiro e banal, porém infalível para unir eventuais oponentes ou uma nação, o esporte.

Tanto o poema quanto o esporte são coisas bastante inspiradoras e motivadoras e fizeram com que, pelo menos por um breve momento, os sul africanos começassem a esquecer suas grandes diferenças. Esse talvez tenha sido o segredo e o legado de Mandela, assim como de outra figura pacificadora, Gandhi - no caso da Índia. Não se utilizar da reviravolta, que o colocou em posição vantajosa em relação aos seus adversários, para vingar-se, mas para construir algo. O esporte deu-lhes um motivo para começar a construir uma nação do menos que nada, de onde só havia ódio e ressentimento. Isto pode ainda não ser uma completa realidade, mas tais coisas só acontecem com um passo de cada vez.

A despeito de muitas vezes o filme levar o espectador às lágrimas - certamente me levou -, senti falta de uma maior presença de Mandela, de sentir como ele realmente era. Talvez eu esperasse que, sendo um líder, não só nacional, mas internacional, ele se apresentasse com grande força, como todos os heróis são. Morgan Freeman não passou isso. Ele não representou um herói, mas construiu uma personagem simples, muitas vezes frágil - mesmo sendo líder da tribo Tembu, com todo o status social que isso lhe trazia junto aos seus pares - e quase ingênua em sua forma de ser e de dar importância às pequenas coisas. Acho que esse é o segredo. A não-violência, a capacidade de perdoar, a doçura ao tratar com todos sem distinção e a consideração. Sem dúvida um grande exemplo de vida e um filme bem construído, na minha opinião - pode haver quem discorde -.

Já assisti alguns filmes sobre a África do Sul nos tempos do apartheid. Um grito de Liberdade (Cry Freedom, 1987, Dir. Richard Attemborough) é um deles e mostra a luta de Stephen Biko, outro líder antiapartheid, contra a censura e a total falta de voz do povo negro. O que aparece sempre é a violência, o terror, o sofrimento. Invictus talvez seja um filme de recuperação, talvez seja necessário mais dessas cenas de união para que um dia as feridas da África do Sul possam cicatrizar.

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